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Tecnologia Inovadora Promete Otimizar o Manejo Arbóreo Urbano e Mitigar Riscos de Queda

16 de abr. de 2025

ARTIGO

A gestão do vasto e diversificado patrimônio arbóreo presente nas cidades brasileiras ainda se configura como um desafio complexo. A variedade de espécies, somada a práticas de plantio inadequadas, ao ciclo natural de envelhecimento e a outros fatores ambientais, frequentemente culmina em eventos de queda de árvores, com potencial para gerar consequências lamentáveis. Dados da Prefeitura de São Paulo ilustram essa problemática, registrando 64.950 ocorrências de remoção de árvores entre março de 2020 a fevereiro de 2025. Somente em março desse ano foram registrados mais de 300 quedas de árvores.


Diante desse cenário, o Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu um projeto piloto promissor, visando oferecer aos gestores ambientais uma ferramenta eficaz para o monitoramento das condições fitossanitárias e estruturais das árvores urbanas. A iniciativa, denominada Inventário Ambiental na Cidade Universitária, consiste na aplicação de tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) em espécimes do campus da USP.


O sistema emprega um chip comercial, encapsulado em um dispositivo similar a um prego, fabricado com plástico de engenharia de alta resistência e durabilidade. Este "prego inteligente" é implantado em um ponto estratégico e de fácil acesso no tronco da árvore, atuando como uma espécie de "Registro Geral" individualizado. Conforme explica o Professor Carlos Eduardo Cugnasca, coordenador do projeto, o chip armazena um conjunto abrangente de informações preexistentes sobre a árvore, incluindo sua espécie, idade estimada, histórico de doenças, grau de inclinação e coordenadas geográficas (latitude e longitude).


A leitura dos dados armazenados no chip é realizada de forma prática e intuitiva através de um smartphone com sistema operacional Android, equipado com um aplicativo leitor da tecnologia Near Field Communication (NFC). Ao aproximar o dispositivo móvel do "prego inteligente", o aplicativo instantaneamente exibe a ficha técnica completa da árvore.


O projeto piloto, fruto de uma colaboração entre a Poli/USP e a Prefeitura do Campus da USP da Capital (PUSP-C), contemplou a instalação dos chips em aproximadamente 200 árvores da Cidade Universitária. Atualmente, o acompanhamento das árvores está temporariamente suspenso, enquanto se buscam fontes de financiamento para a continuidade e o aprimoramento da pesquisa.


Apesar dos desafios enfrentados, o potencial da tecnologia para otimizar o manejo arbóreo é inegável. Uma vez implementado em larga escala, o sistema de monitoramento permitirá à prefeitura do campus e, potencialmente, a outras administrações municipais, realizar um planejamento mais estratégico e eficiente das intervenções necessárias. Será possível determinar com precisão o momento ideal para a realização de podas, identificar o tipo de intervenção mais adequado e acompanhar o histórico de cada árvore.


Ademais, o Professor Cugnasca vislumbra a expansão do projeto, com a possível inclusão de árvores da reserva de Mata Atlântica presente no campus. Essa extensão abriria novas oportunidades para atividades de educação ambiental, como trilhas ecológicas, nas quais educadores poderiam utilizar os smartphones para identificar rapidamente as espécies e acessar informações relevantes para o aprendizado dos alunos.


A iniciativa da Poli/USP se alinha ao conceito de Cidades Inteligentes, que preconiza a aplicação de tecnologias diversas e da Internet das Coisas para promover o desenvolvimento sustentável. A ideia de conectar objetos do cotidiano à rede mundial de computadores encontra aqui uma aplicação inovadora e com potencial para gerar benefícios tangíveis para a gestão urbana e a segurança da população.


O Professor Cugnasca ressalta que essa tecnologia já é utilizada com sucesso em outros países, citando o exemplo de Paris, onde todas as árvores da cidade são equipadas com chips. Essa prática possibilita um tratamento mais racional e preventivo, considerando a árvore como um organismo vivo com um ciclo de vida definido. A substituição de árvores mais antigas por mudas e o transplante de espécimes antes que representem riscos são medidas que contribuem para a manutenção da arborização urbana e a prevenção de acidentes.


Além do monitoramento arbóreo, o professor da Poli aponta para outras aplicações promissoras da tecnologia RFID, como o acompanhamento da durabilidade e do desgaste de dormentes ferroviários, um projeto em desenvolvimento em parceria com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).


Em suma, o projeto piloto da Poli/USP representa um avanço significativo no desenvolvimento de ferramentas para o manejo arbóreo urbano. Apesar dos obstáculos financeiros que momentaneamente restringem seu avanço, a tecnologia demonstra um potencial considerável para otimizar a gestão, prevenir acidentes e promover uma maior integração entre a natureza e o ambiente construído nas cidades. A continuidade da pesquisa e a busca por financiamento são cruciais para que essa inovação possa ser implementada em larga escala e seus benefícios sejam amplamente sentidos pela sociedade.


fonte: USP e G1

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Levítico 19:9

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